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Mantendo as tradições nordestinas em Ceilândia


<p>A região administrativa de Ceilândia, no Distrito Federal, já foi a região do DF com a maior concentração de nordestinos. Hoje a cidade é a mais populosa do DF, mas os nordestinos não são mais a maioria.&nbsp; Mesmo assim, as tradições do Nordeste são mantidas.</p> <p>&nbsp;</p> <p>Com tanta tradição e cultura, a cidade recebeu a Casa do Cantador em que se celebra principalmente a arte nordestina. O lugar se tornou um dos grandes orgulhos da cidade e é considerado o palácio da poesia e da literatura de cordel. Lá acontecem diversas manifestações populares nordestinas como apresentações de repente e embolada, exposições de histórias de Cordel, shows e festas típicas que acabam se incorporando &agrave; rotina ceilandense.</p> <p>Inaugurada em novembro de 1986, a Casa do Cantador recebe a assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer que se inspirou na música Asa Branca de Luiz Gonzaga para desenhar a estrutura curvilínea do monumento. Antes da construção da Torre Digital no Colorado, em Sobradinho, a Casa do Cantador era o único monumento assinado por Niemeyer fora do Plano Piloto.&nbsp;<br /><br />Hoje a Casa do Cantador, que tem na entrada a escultura do poeta cearense Patativa do Assaré, recebe repentistas do Brasil inteiro e manifestações da cultura popular. Mas há quem defenda a criação de um centro de tradições nordestinas para preservar a história de retirantes que deram a cara da periferia do DF.</p> <p>Seu Antônio Januário de Aguiar, 71 anos(foto), é um exemplo típico de retirante que&nbsp; se estabeleceu em Ceilândia e que hoje ajuda a manter a cultura nordestina viva. Ele nasceu em Coreaú, no Ceará, chegou a Brasília em 1960 e trabalhou em algumas empresas da construção civil. Em 1971, o senhor que tem muita disposição, ficou conhecido como Antônio Corumbá porque transportava areia do rio Corumbá para construir casas na Ceilândia. Inclusive a casa onde mora até hoje na QNM 24.</p> <p>Hoje aposentado, viúvo e pai de duas filhas, seu Antônio Corumbá tem um boteco que abriu há 30 anos na garagem de casa. O comércio se tornou ponto de encontro de nordestinos e mestres sanfoneiros como bem lembra seu Antônio.&nbsp;<br /><br />&mdash; Aos domingos eu recebo aqui meus amigos sanfoneiros de todos os cantos do DF. Tem vez que v&ecirc;m quatro, cinco e a gente faz uma festa. Acho importante porque não deixa a gente esquecer nossas origens e ajuda a matar a saudade do nosso Nordeste. Todo ano vou ao Ceará, mas a festa aqui também é garantida.&nbsp;<br /><br />No bar de seu Antônio é possível ver nas paredes cartazes e fotos de amigos sanfoneiros do Brasil inteiro. Ele faz questão de dizer que é um grande orgulho receber os conterrâ;neos, principalmente para ouvi-los tocar sanfona. E lamenta por não ter recebido seu ídolo.&nbsp;<br /><br />&mdash; Eu não sei tocar nenhum instrumento, mas aqui em casa eu sempre recebi todo mundo com muita alegria. Só não tive a honra de receber o grande mestre Luiz Gonzaga.&nbsp;</p> <p>O professor de história Manoel Jevan Gomes estuda e documenta há décadas a história dos nordestinos na Ceilândia. Para ele, o surgimento da cidade se mistura com os anos de luta dos conterrâ;neos.&nbsp;<br /><br />&mdash; Ceilândia é o que é hoje em função da história de luta de muitos nordestinos que foram jogados aqui. A maioria deles teve que se virar para construir suas casa e manter suas famílias. Hoje nada mais justo que esse povo receba uma homenagem pelas décadas difíceis que tiveram de enfrentar.&nbsp;<br /><br />A Administração de Ceilândia chegou a realizar uma campanha entre políticos para conseguir verba para a construção do centro que congregue e valorize a história nordestina na capital. Mas até o momento o projeto continua no papel. Mesmo assim a tradição se mantém no bar do seu Antônio Corumbá, na Casa do Cantador e na resid&ecirc;ncia de milhares de nordestinos ceilandenses.</p> <p><strong>História da região</strong></p> <p>Os retirantes nordestinos chegaram &agrave; capital que ainda nem existia apenas com o sonho na bagagem. Quando Brasília começou a ser construída, milhares de nordestinos desembarcaram no cerrado do Planalto Central para trabalhar, construir uma vida melhor e sonhar.&nbsp;<br /><br />Após anos de luta na construção dos pilares da capital, os nordestinos que se alojavam em pequenas vilas, onde hoje está o Núcleo Bandeirante, foram despejados em um lugar que nem nome de cidade tinha: CEI - Campanha de Erradicação de Invasões. Mais tarde com a palavra "lâ;ndia" que significa cidade, formaram o nome da comunidade que viria se tornar uma das mais importantes do DF, Ceilândia.&nbsp;<br /><br />Hoje, Ceilândia abriga cerca de 600 mil habitantes em 13 bairros. Boa parte deles nordestinos, mas eles já foram maioria. De acordo com dados da PDAD (Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios), 32% dos moradores da Ceilândia vieram do nordeste. Esse número só não é maior porque a cidade já é moradia da segunda geração de residentes, ou seja, filho de nordestinos. Outros 50,1% são naturais do próprio DF.&nbsp;</p> <p>Fonte: R7DF-09/12/12</p>

Notícia publicada em: 09/12/2012